Dermatoscopia: como identificar quais pintas devem ser acompanhada ou removida?
- Dra. Kellen Chechinato
- 25 de mar.
- 4 min de leitura
A pele é o maior órgão do corpo humano e, ao longo da vida, desenvolvemos diversas pintas e lesões cutâneas. Embora a maioria delas seja benigna, algumas podem representar um risco de malignidade, especialmente quando há suspeita de melanoma ou outros tipos de câncer de pele. Diante desse cenário, como é possível, em meio a tantas pintas, identificar quais precisam de acompanhamento ou remoção?
A resposta está na dermatoscopia, um exame dermatológico avançado que permite uma análise detalhada das estruturas internas das pintas, revelando padrões que ajudam a diferenciar lesões benignas de malignas. Neste artigo, vamos explorar como funciona a dermatoscopia, quais padrões são analisados e como essa ferramenta ajuda os dermatologistas a tomar decisões seguras sobre remoção ou acompanhamento de pintas suspeitas.
O Que é Dermatoscopia?
A dermatoscopia é um exame não invasivo realizado com um aparelho chamado dermatoscópio, que funciona como uma espécie de lupa equipada com luz polarizada, permitindo a visualização das camadas internas da pele.
Como funciona a dermatoscopia:
O dermatologista aplica um gel ou óleo sobre a pele para reduzir a refração da luz
O dermatoscópio é posicionado sobre a pele para ampliar a imagem
A luz polarizada permite observar detalhes estruturais invisíveis a olho nu
As imagens obtidas são analisadas para identificar padrões e características específicas da lesão
A dermatoscopia permite visualizar detalhes como pigmentação, vasos sanguíneos e padrões estruturais que são cruciais para distinguir lesões benignas de malignas.

Padrões Dermatológicos Observados na Dermatoscopia
A dermatoscopia permite uma análise muito mais precisa das pintas porque revela padrões estruturais que não são visíveis a olho nu. Os dermatologistas utilizam esses padrões para determinar se uma pinta deve ser acompanhada ou removida.
Padrões Benignos
Os padrões benignos são aqueles que indicam que a pinta tem uma estrutura estável e sem risco de transformação maligna.
Padrões comuns em lesões benignas:
Padrão reticular homogêneo (rede regular e uniforme)
Padrão globular (presença de glóbulos uniformes)
Estrutura simétrica com bordas bem definidas
Coloração uniforme (marrom claro ou escuro)
Padrões Suspeitos ou Malignos
Os padrões suspeitos indicam um risco maior de malignidade, especialmente quando há assimetria, cores variadas e alterações estruturais.
Padrões comuns em lesões malignas:
Rede irregular e assimétrica
Presença de múltiplos glóbulos de diferentes tamanhos
Estrutura desorganizada e sem padrão definido
Vasos sanguíneos dilatados e ramificados
Presença de pontos brancos ou azulados
A Regra do ABCDE na Avaliação das Pintas
Antes de entrar nos padrões específicos da dermatoscopia, o dermatologista geralmente inicia a análise das pintas utilizando a regra do ABCDE. Essa regra é um guia prático para identificar sinais de alerta em lesões cutâneas, mas não substitui a análise desmatoscópia.
A – Assimetria
Pintas benignas tendem a ser simétricas, enquanto pintas malignas costumam ser assimétricas.
B – Bordas Irregulares
Pintas benignas têm bordas regulares e bem definidas, enquanto lesões malignas apresentam bordas irregulares ou borradas.
C – Cor Variável
A presença de múltiplas cores (preto, marrom, azul, vermelho ou branco) em uma única pinta é um sinal de alerta.
D – Diâmetro
Pintas benignas geralmente têm menos de 6 mm, enquanto lesões maiores que isso merecem atenção.
E – Evolução
Qualquer mudança no tamanho, cor, forma ou sintomas (como coceira ou sangramento) é um sinal de alerta.

Como Determinar se Deve Acompanhar ou Remover uma Pinta
Com base na análise dos padrões estruturais observados na dermatoscopia, o dermatologista pode tomar a decisão entre acompanhamento ou remoção da pinta.
Quando Acompanhar
Pintas com padrão regular e sem sinais de crescimento rápido
Lesões estáveis, sem sangramento ou coceira
Pintas com simetria e bordas bem definidas
Lesões com coloração homogênea e sem alteração ao longo do tempo
Quando Remover
Lesões com assimetria ou bordas irregulares
Pintas que mudam de tamanho, forma ou cor rapidamente
Lesões com mais de 6 mm de diâmetro
Pintas que sangram, coçam ou apresentam dor
Presença de padrões estruturais atípicos na dermatoscopia
Técnicas de Remoção de Lesões Suspeitas
Caso o dermatologista decida que a remoção é necessária, o procedimento é realizado de forma simples e segura em consultório.
Principais métodos de remoção:
Excisão cirúrgica: remoção completa da pinta com margens de segurança
Shaving: raspagem superficial da lesão
Crioterapia: congelamento da lesão com nitrogênio líquido
Curetagem e eletrocoagulação: raspagem seguida de cauterização
Após a remoção, o material é enviado para análise histopatológica para confirmar o diagnóstico e determinar se há necessidade de tratamento adicional.
Monitoramento e Prevenção
Além de remover as lesões suspeitas, é essencial manter um acompanhamento dermatológico regular para monitorar o surgimento de novas pintas ou alterações em lesões já existentes.
Dicas para prevenção e monitoramento:
Use protetor solar diariamente (FPS 30 ou superior)
Evite exposição solar excessiva, especialmente entre 10h e 16h
Faça autoexame da pele mensalmente
Procure um dermatologista anualmente para exame detalhado
Evite câmaras de bronzeamento artificial
Identificar quais pintas precisam de acompanhamento ou remoção é um desafio, especialmente em pessoas com muitas lesões cutâneas. A dermatoscopia é uma ferramenta essencial que permite uma análise aprofundada das pintas, ajudando o dermatologista a detectar padrões estruturais e sinais de alerta para câncer de pele, incluindo o melanoma.
O acompanhamento regular com um dermatologista e a remoção de lesões suspeitas são estratégias importantes para a detecção precoce e o tratamento eficaz de lesões malignas. Se você tem dúvidas sobre uma pinta ou percebeu alterações em sua pele agende sua avaliação.
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